Das afeições desordenadas



Todas as vezes que o homem deseja alguma coisa desordenadamente, torna-se logo inquieto. 

O soberbo e o avarento nunca sossegam; entretanto, o pobre e o humilde de espírito vivem em muita paz.

O homem que não é perfeitamente mortificado facilmente é tentado e vencido, até em coisas pequenas e insignificantes.

O homem fraco de espírito, ainda um tanto carnal e propenso à sensualidade, só a muito custo poderá desprender-se de todos os desejos terrenos. 

Daí a sua frequente tristeza, quando deles se abstém, e fácil irritação, quando alguém o contraria.

Se, porém, alcança o que desejava, sente logo o remorso da consciência, porque obedeceu à sua paixão, que nada vale para alcançar a paz que almejava.

Em resistir, pois, as paixões, se acha a verdadeira paz do coração, e não em segui-las.

Não há, portanto, paz n o coração do homem carnal, nem no do homem entregue às coisas exteriores, mas somente no daquele que é fervoroso e espiritual.

Texto extraído dos clássicos da literatura cristã - "A imitação de Cristo", Tomás de Kempis, 1418.

Pr. Helbert Farinha.

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