Filhos Orientados em Direção a Deus - série 3
A prática de velejar revela uma surpresa a muitas pessoas ao saberem que a direção da embarcação não é orientada pelo vento, mas pela posição da vela. De certa forma, a vida orientada a Deus é como o posicionamento da vela de navegação na vida de uma criança. Sem se importar quais sejam as influências da vida, é a direção da criança voltada para Deus que determina sua reação àquelas influências formativas.
Todos os seres humanos têm uma orientação em direção a Deus. Todos são essencialmente religiosos. As crianças são adoradoras; ou adoram a Deus ou os ídolos. Elas não são neutras. Seus filhos filtram as experiências da vida através de uma peneira religiosa que lhe serve de referencial.
Romanos 1.18,19 diz: "A ira de Deus se revela do céu contra toda impiedade e perversão dos homens que detêm a verdade pela injustiça; porquanto o que de Deus se pode conhecer é manifesto entre eles, porque Deus lhe manifestou".
Na linguagem de Romanos 1, seus filhos ou reagem a Deus pela fé ou suprimem a verdade pela injustiça. Se correspondem a Deus pela, fé, encontram realização em conhecê-Lo e servi-Lo. Se suprimem a verdade pela injustiça, adoram e servem à criação em vez de ao Criador. Este é o sentido em que o termo é usado para orientação em direção a Deus.
Existem dois Caminhos para uma criança escolher, ela pode não estar consciente de seu compromisso religioso, mas ela nunca é neutra. Feita à imagem de Deus, ela é criada com uma orientação à adoração. Mesmo sendo uma criança pequena, estará adorando e servindo a Deus ou os ídolos.
Salmos 58.3: "Desviam-se os ímpios desde a sua concepção; nascem e já se desencaminham, proferindo mentiras". As palavras do Salmos 51.5 são ainda mais conhecidas: "Eu nasci na iniquidade, e em pecado me concebeu minha mãe". Mesmo uma criança no ventre, ou uma recém-nascida, é obstinada e pecadora. Aprendemos que o homem se torna um pecador, porque ele é um pecador. Seus filhos nunca são moralmente neutros, nem mesmo no ventre materno. Provérbios 22.15 diz: "a estultícia está ligada ao coração da criança, mas a vara da disciplina a afastará dela". O ponto central deste provérbio é que alguma coisa está errada no coração da criança e requer correção. O remédio não é unicamente mudar a estrutura do lar, e sim tratar o coração.
O Coração da criança não é Neutro. Os ídolos incluem a conformidade ao mundo, ter uma maneira de pensar terrena e apegar-se a coisas terrenas. O que temos em vista é um conjunto de motivações, desejos, vontades, propósitos, esperanças e expectativas que dominam o coração de uma criança.
A verdade é que as crianças reagem, não são neutras. Não são apenas a soma total daquilo que como pais colocamos neles; nossos filhos interagem com a vida, seja a partir de uma aliança de fé, seja a partir de uma aliança idólatra de incredulidade.
A quem a criança adorará? Criar filhos não é apenas prover bons estímulos. Criar filhos não é apenas criar uma atmosfera construtiva no lar e uma interação positiva entre o filho e seus pais. A criança está interagindo com o Deus vivo. Está adorando, servindo e crescendo em entendimento das implicações e quem é Deus, ou está buscando sentido na vida sem um relacionamento com Deus.
Se está vivendo como um tolo e diz em seu coração: "não há Deus", tal pessoa não deixa de ser uma adoradora, ela simplesmente adora o que não é Deus. Parte da tarefa dos pais é pastoreá-la como uma criatura que adora, mostrando-lhe o Único que é digno de adoração.
Implicações da criação de filhos não deve ser uma preocupação apenas com influências formativas, mas deve envolver pastorear o coração. A vida transborda do coração. É preciso envolver seus filhos como criaturas feitas à imagem de Deus. Eles só podem encontrar plena realização e felicidade ao conhecerem e servirem o Deus vivo.
A importância da orientação em direção a Deus mostra que as influências formativas não constituem a história completa da formação da criança. Temos o exemplo bíblico de José em Gênesis. A sua experiência de infância foi longe do ideal. Sua mãe falecera, enquanto ele era jovem. Ele era o favorito do pai. Seus sonhos inflamaram o ódio de seus irmãos. Depois, foi alienado deles por causa de um presente, uma veste dada por seu pai, que o distinguiu como autoridade sobre eles. Seus irmãos o traíram. Foi jogado em um poço. Comerciantes de escravos oportunistas o compraram para lucrar com o seu valor de revenda. Foi traído na casa de Potifar, apesar de sua honra e integridade. Foi preso. Até mesmo na prisão, foi abandonado por aqueles a quem ajudou. Eis um homem que poderia ter sido amargo, cínico, ressentido e irascível. Se o homem fossa apenas a soma total das influências que o moldam, esse teria sido o resultado. em vez disso, o que encontramos? Quando seus irmãos se prostraram, pedindo misericórdia, José lhes disse: "Não temais; acaso estou eu em lugar de Deus? Vós, na verdade, intentastes o mal contra mim; porém Deus o tornou em bem, para fazer, como vedes agora, que se conserve muita gente em vida. Não temais, pois; eu vos sustentarei a vós outros e a vossos filhos. Assim, os consolou e lhes falou ao coração" (Gênesis 50.19-21).
Como explicamos a reação de José? Em meio a influências formativas difíceis, ele entregou-se a Deus, que o transformou em um homem que reagia a partir de um relacionamento vivo com Deus. José amava a Deus e encontrou sua orientação, não nas influências formativas de sua vida, mas no amor infalível e nas misericórdias da aliança com Deus.
Resumo da obra "Pastoreando o coração da criança", Tedd Tripp, cap. 2.
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