Filhos, Influências que moldam - série 2
Influências Formativas
São aqueles eventos e circunstâncias,
nos anos de desenvolvimento da criança, que se comprovam catalisadores para
tornarem-na a pessoa que ela é. Porém, a formação não é automática. As maneiras
como as crianças reagem a estes eventos e circunstâncias determinam o efeito que
estes têm sobre elas.
Existe uma clara recomendação
bíblica para se reconhecer as implicações da experiência da primeira infância. As
principais passagens lidam com o tema da família (Deuteronômio 6, Efésios 6 e
Colossenses 3) pressupõem as implicações na vida inteira que advêm da
experiência na primeira infância. As Escrituras demandam sua atenção às
influências formativas.
A pessoa que o filho se torna é
um produto de duas coisas. A primeira é sua experiência de vida. A segunda é
como ele interage com essa experiência. A criança não apenas recebe a ação das
circunstâncias da vida; ela reage. Responde de acordo com a orientação em
direção a Deus que existe em seu coração. Entender este cenário ajudará a
reconhecer onde seus filhos necessitam de estrutura e de pastoreio.
Estrutura da Vida Familiar
É um tradicional núcleo familiar
a quantas gerações de pais a criança está exposta? É uma família de duas ou de
três gerações? Ambos, pai e mãe, estão vivos e exercem suas funções como pais,
dentro do lar? Como são estruturados os papéis dos pais? Existem outras crianças
ou a vida familiar é organizada em torno de uma criança somente? Qual a ordem
de nascimento das crianças? Qual o relacionamento entre as crianças? Qual a
proximidade ou distância entre elas em termos de idade, habilidade, interesse
ou personalidade? Como a personalidade da criança se mescla com a dos outros
membros da família?
Valores Familiares
O que é importante para os pais o
que motiva um debate e o que passa sem ser notado? Pessoas são mais importantes
do que coisas? Os pais ficam mais preocupados por causa de um furo nas calças
do uniforme escolar ou por causa de uma briga entre os colegas? Que filosofias
e ideias a criança ouviu? Os filhos devem ser vistos e não ouvidos, no lar? Quais
são as regras faladas e não faladas da vida familiar? Onde Deus se encaixa na
vida familiar? A vida é organizada em torno de se conhecer e amar a Deus ou a
família está em uma órbita diferente? “Cuidado que ninguém venha vos enredar
com sua filosofia e vãs sutilezas, conforme a tradição dos homens, conforme os
rudimentos do mundo e não segundo Cristo” (Colossenses 2.8). A pergunta que
você precisa fazer é esta: os valores de seu lar são baseados na tradição
humana e nos princípios básicos deste mundo ou em Cristo?
Existem outros aspectos dos
valores familiares. Quais são os limites dentro da família? Onde os segredos
são guardados e onde são revelados? Os relacionamentos com os vizinhos são instintivamente
abertos ou restritos? Qual a altura das muralhas em torno da família? Onde estas
muralhas podem ser penetradas? Algumas famílias nunca revelariam seus problemas
a seus parentes, mas livremente os compartilhariam com um vizinho. Outros chamariam
um irmão para ajudar, mas nunca um vizinho que está próximo (Provérbios 27.10).
Algumas crianças crescem sem saber qual o salário do papai, enquanto outras
sabem o saldo bancário dele diariamente. Alguns pais não revelam segredos a
seus filhos. Alguns filhos compartilham segredos, mas não com seus pais. Às vezes,
mãe e filhos não revelam segredos ao pai. Às vezes, pai e filhos não revelam
segredos à mãe. Toda família estabelece limites familiares; podem não ser
falados nem refletidos, mas existem.
Papéis Familiares
Dentro da estrutura familiar há
papéis que cada membro da família desempenha. Alguns pais estão envolvidos em
cada aspecto da vida familiar. Outros pais estão ocupados e distantes das
atividades da família. Coisas sutis, tais como quem paga a conta ou quem agenda
os compromissos da família, dizem muito sobre os papéis familiares. Os filhos
têm papéis dentro da família também.
Resolução de Conflito Familiar
Qualquer pessoa que faz
aconselhamento bíblico conjugal pode testemunhar do poder da influência no modo
como os problemas são resolvidos. A família sabe conversar sobre os problemas? Eles
resolvem os problemas ou simplesmente se afastam? Os problemas são resolvidos
através de princípios bíblicos ou por autoritarismo? Os membros da família uma
sinais não verbais, como por exemplo, um buquê de rosas para resolver conflitos?
Provérbios 12.15, 16 diz: “O caminho do insensato aos seus próprios olhos
parece reto, mas o sábio dá ouvidos aos conselhos. A ira do insensato num
instante se conhece, mas o prudente oculta a afronta”. A criança aprende a ser
um tolo ou um sábio, através da influência formativa do lar.
História
Familiar
Há
outra questão. Cada família tem sua própria história. Alguns membros da família
estão nascendo, enquanto outros estão morrendo. Há casamentos e divórcios. As famílias
experimentam estabilidade ou instabilidade social. Há dinheiro suficiente ou
não há. Alguns gozam de boa saúde, enquanto outros precisam estruturar suas
vidas em torno de enfermidades. Algumas famílias têm raízes profundas na
vizinhança, enquanto outras são continuamente desarraigadas.
Erros na compreensão das Influências Formativas
Há
dois erros que ocorrem em relação às influências formativas da vida. O primeiro
deles é ver tais influências de modo determinista. É o erro de presumir-se que
a criança é vítima indefesa das circunstâncias em que cresceu. O segundo erro é
a negação, ou seja, dizer que a criança não é afetada por sua experiência de
infância. Passagens como Provérbios 29.21 ilustram a importância da experiência
de infância. Lemos que o servo mimado desde jovem é afetado de tal modo que
mais tarde, traz desprazer.
Tanto
a negação quanto o determinismo são incorretos. É necessário entender biblicamente
estas influências formativas. Esta compreensão ajudará em sua tarefa como pais.
Comete-se
um grave erro ao se concluir que a criação de filhos nada mais é do que prover
as melhores influências formativas para eles. Muitos pais cristãos adotam o “determinismo
cristão”. Eles concluem: “Se pudermos ser sempre positivos com ele, se o
enviarmos a escolas cristãs, se o educarmos em casa, se pudermos prover a
melhor experiência de infância possível; então, nosso filho será uma ótima
pessoa”.
Estes
pais têm a certeza de que um ambiente adequado produzirá uma criança adequada. Agem
quase como se a criança fosse inerte. Este tipo de postura é simplesmente
determinismo com roupagem cristã.
A
reação de seu filho ou sua filha demonstra se a vida dele ou dela está
direcionada a Deus. Se seu filho conhece e ama a Deus, se considera que o
conhecimento de Deus pode capacitá-lo a ter paz em qualquer circunstância,
então responderá construtivamente a seus esforços e moldagem. Se seu filho não
conhece e ama a Deus, mas tenta satisfazer sua sede em “cisternas rotas, que
não retêm as águas” (Jeremias 2.13), ele pode rebelar-se contra seus melhores
esforços. Você precisa fazer tudo o que Deus lhe chamou a fazer, mas o
resultado é mais complexo do que somente saber se fez as coisas certas e do
modo certo. Seus filhos são responsáveis pelo modo como reagem à sua criação.
O
determinismo faz os pais concluírem que as boas influências formativas
automaticamente produzirão bons filhos. Este conceito frequentemente produz
fruto amargo, mais tarde, na vida. Os pais que têm um adolescente ou jovem
indomável e problemático concluem que a causa foi às influências formativas que
lhe proporcionaram. Acham que, se tivessem um lar um pouco mais estruturado,
tudo teria saído bem. Esquecem-se de que a criança nunca é determinada
exclusivamente pelas influências formativas da vida. Provérbios 4.23 instrui
que o coração é a fonte de onde emana a vida. O coração de seu filho determina
como ele reage à sua maneira de criá-lo.
Resumo da obra "Pastoreando o coração da criança", Tedd Tripp, cap. 2.
Uma criação focada em amar a Deus e conhecê-lo, faz com que as referências e circunstâncias tenham como parâmetro o que diz nas Escrituras e no seu cumprimento. Assim, o desenvolvimento da criança na vida cristã a norteia em princípios e valores que não estão centradas em si mesmas, mas em Cristo e no que Ele tem e espera de cada um.
Pr. Helbert Farinha
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